Como as empresas lidam com a licença-maternidade e acolhem as mães

Conciliar a maternidade e a carreira ainda é um desafio para muitas mulheres. O patriarcado, é um sistema social muito presente nos dias atuais e ainda associa à mulher ao cuidado familiar e o homem à carreira e liderança.

Mas, como o mundo corporativo está acolhendo mulheres que querem se dividir entre a maternidade e a carreira? Como as empresas estão lidando com a questão da licença-maternidade? O Dicas de Mulher conversou com profissionais de Recursos Humanos para discutir esse tema.

Empresas e licença-maternidade

A diretora-executiva de Desenvolvimento de Relações Humanas Graziele Piva, defende que, atualmente, o olhar corporativo está mais humanizado, mas ainda longe do ideal.

“A maioria das empresas ainda não possui um olhar construtivo e visionário de que os filhos crescem, e esse período é um ciclo e não um cenário permanente. A profissional que engravidou é a mesma e a sua qualificação não mudará por estar gestante.”

Já para Lilian Oliveira, diretora de RH do Grupo Tecnoset, hoje em dia, muitas empresas tem políticas claras sobre todo o processo gestacional. “Empresas que possuem políticas internas e concedem melhores benefícios alinhados ao momento de vida da profissional tem gerado mais resultados, este ambiente modela comportamentos”.

Segundo Cláudia Danienne, especialista em Recursos Humanos e Gestão de Pessoas, ainda há culturas corporativas que não veem a maternidade como algo positivo. “Tem empresas que apoiam o momento com programas de apoio profissional e educativos a maternidade e ao pós-parto”, além de “jornadas flexíveis, espaço de aleitamento, creches conveniadas e psicólogas, deixando claro que valorizam esse momento.”

Contudo, outras corporações supõem “que as tarefas organizacionais ficarão subjugadas em função do bebê. E, esperam o término da licença-maternidade, para demitir a profissional, o que denota total falta de empatia e humanização” completou Cláudia.

Ambiente inclusivo para as mães

Retornar ao mercado de trabalho após a licença-maternidade é outro dificuldade que a mulher enfrenta neste processo. A maioria não consegue retornar às atividades profissionais, uma vez que as mulheres ainda são representadas como as principais responsáveis na criação dos filhos e muitas são mães solo.

Para acolher essas mães é preciso proporcionar um ambiente mais inclusivo, pois segundo Cláudia, “empregadores que não acolhem as mães após a licença-maternidade com diálogo, flexibilidade e engajamento são marcas que transmitem impessoalidade, se distanciam de seus colaboradores e da sociedade.”

Embora o índice de mulheres no mercado de trabalho tenha crescido nos últimos anos, ainda existem adversidades para o desenvolvimento profissional se forem mães. A maternidade, muitas vezes, é um dos fatores impeditivos para a liderança feminina em empresas, por exemplo.

Contudo, conforme disse Lilian, “para atuar neste cenário, é fundamental que as empresas desenhem seus processos de recrutamento e desenvolvimento de mulheres, o aumento da participação feminina torna as empresas mais lucrativas e competitivas que está diretamente ligada pela diversidade de ideias.”

Para Graziele, as empresas estão desenvolvendo políticas e programas exclusivos para o público feminino. “A oportunidade de terem mulheres com experiências diversas e profundas é enriquecedor, pois traz novas visões de mundo. Também já existem Comitês de Equidade, que dão abertura para diálogos abertos, francos com a real intenção de promover bem-estar e equilíbrio.”

É importante que a mulher que deseja ser mãe tenha apoio para concretizar os seus sonhos profissionais. Assim, ela pode realizar-se com a maternidade e crescer em sua carreira profissional sem renunciar de nenhum desses papéis sociais.

Erika Balbino

Compartilhe