Uso excessivo de aplique e megahair pode causar falhas no cabelo

Descamação, caspa e pontos de pus também estão entre consequências; falhas e pontos calvos só podem ser corrigidos com transplante de cabelo

Os apliques, extensores e megahairs estão entre as soluções possíveis para quem quer turbinar o visual dos fios. Isso porque os itens podem deixar os cabelos mais volumosos ou mais longos, a depender do modelo escolhido. Médicos afirmam, contudo, que quando esses acessórios são usados com frequência e sem acompanhamento com um profissional, podem fazer mal ao couro cabeludo e até causar falhas.

Os apliques, também chamados de extensores, são acessórios removíveis e podem ser presos direto no couro cabeludo com uma presilha. Já os megahairs são colocados com fita adesiva, colas ou anéis metálicos – alguns são costurados diretamente nas hastes capilares. Eles podem durar até três meses e, depois desse período, necessitam de manutenção para acompanhar o crescimento dos fios.

A dermatologista Laís Leonor explica que esses métodos de fixação causam tensão nos fios, que podem levar à alopecia de tração, que implica em queda definitiva de cabelo por tração excessiva, repetida e prolongada. O contato com os produtos em si também pode causar complicações.

“Nas fases iniciais há uma inflamação local que se manifesta com desconforto, vermelhidão, descamação e, eventualmente, pontos de pus. Inicialmente esse processo é reversível, porém, se persistente, evolui para a perda definitiva dos fios. Também há a possibilidade de desenvolvimento ou agravamento da dermatite seborreica, a caspa, por conta da dificuldade de higienização adequada do couro cabeludo”, explica Leonor.

O médico cirurgião especializado em aplique capilar, Marcelo Pitchon, afirma que o uso contínuo dos apliques podem causar falhas que, ao depender da região, podem ficar visíveis. “A maioria são usados na região occipital, na região de trás da cabeça. Se há queda, a falha fica camuflada pelos próprios cabelos”, explica.

“Mas quando os cabelos das têmporas ou da testa são muito esticados de forma repetida e constante, o trauma às raízes causado pela força de tração pode levar à queda. Nestas regiões, são geradas testas mais altas e têmporas calvas”, acrescenta o médico. O mesmo efeito acontece em regiões do couro cabeludo excessivamente pressionadas por itens como passadores, capacetes e bonés, por exemplo.

Pitchon explica que os riscos são maiores para pessoas com cabelos finos, vulneráveis à quebra, ralos ou quimicamente tratados – que justamente fazem parte do grupo que busca por essas alternativas. Além disso, as complicações também podem impactar quem tem doenças no couro cabelo, doenças autoimune, alopécia areata, líquen plano pilar e doenças infecciosas em evolução causadas por fungos, bactérias ou outros agentes.

“Pessoas com eflúvio telógeno crônico ou em fase aguda, dermatite seborreica e psoríase, com alergias a colas, alergias de contato e eczemas também estão entre as que podem sofrer algum tipo de efeito adverso”, complementa o especialista.

Leonor afirma que isso não quer dizer que os apliques, extensores e megahairs não devem em hipótese alguma ser colocados. No entanto, é importante que a pessoa interessada a aderir aos acessórios consulte um médico para saber quais cuidados tomar ou mesmo se, em casos específicos, os itens não devem ser usados para não comprometer a saúde do couro cabeludo.

Caso os acessórios sejam aderidos à rotina, a dermatologista afirma que é necessário manter os fios sempre hidratados – uma recomendação que se estende também para cabelos naturais. “Pode ser uma hidratação semanal ou quinzenalmente. Mas com mega é ainda mais importante fazer hidratação periodicamente”, diz. A especialista também indica que sejam usados shampoos anticaspa que não ressequem os fios.

Extensor, aplique e megahair causaram falhas. E agora?

Os casos de queda definitiva só podem ser tratados com transplante capilar, que é a única maneira para restabelecer os fios de maneira permanente. O médico explica que o procedimento pode durar de três a seis horas, com anestesia e em clínicas habilitadas ou hospitais gerais.

Existem casos em que são necessárias a raspagem total ou parcial da cabeça; no entanto, já é possível realizar transplantes sem a necessidade de raspar nenhum fio. Nesse último caso, é usada a técnica Preview Long Hair, criada por Pitchon, que consiste na implantação de folículos em regiões em que os fios são mais longos.

“A extração dos folículos podem ser feitas retirando um excesso de pele da parte de trás do couro cabeludo em que os fios não são vulneráveis à queda por conta da presença do hormônio DHT; ou extraindo folículos de quase toda essa área, que é raspada totalmente ou parcialmente, por meio de micro-cortes circulares espalhados por toda região”, explica o médico.

Esses folículos são inseridos nas regiões calvas, chamadas de receptoras. “A implantação deles é a fase mais nobre de todo o transplante, pois a qualidade artística, a harmonia do rosto e a naturalidade do resultado dependem da sofisticação técnica e da experiência do cirurgião”, diz o médico.

Por Camila Cetrone

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