Tríade da mulher atleta: a síndrome que afeta o ciclo menstrual

A síndrome está relacionada com rotina corrida, estresse e alimentação restrita e pode ter sintomas semelhantes à menopausa precoce

Mulheres com rotinas muito intensas – que envolvem trabalho, cuidar da casa, dos filhos e de si nem sempre conseguem  alimentação saudável e se exercitar regularmente. Isso pode causar alterações no  ciclo menstrual , causando suspeitas de uma menopausa precoce . Trata-se de um problema conhecido como tríade da mulher atleta.

A chef de cozinha Dani Faria Lima, que em 2017 percebeu que seu ciclo menstrual estava alterado. Na época, ela levava uma rotina que considerava saudável: exercitava-se duas vezes ao dia e seguia uma dieta com uma série de restrições . “Além disso, trabalhava o dia todo e ainda cuidava dos meus dois filhos ao chegar em casa à noite. Por um tempo, mantive essa rotina e me sentia muito disposta”, afirma.

No entanto, Lima não sabia que essa rotina que ela levava causou uma desestabilização em seus hormônios, o que fez com que seu ciclo menstrual fosse interrompido completamente por dois anos. “Além da falta de menstruação, também comecei a sentir fadiga, lentidão, mau humor e até sofri com queda de cabelo”, explica.

Lima estava passando por uma síndrome chamada tríade da mulher atleta, que normalmente altera e pode até interromper o ciclo menstrual. A síndrome não atinge apenas pessoas que seguem carreira como esportistas profissionais, mas uma analogia à intensa rotina baseada em exercícios físicos, restrições alimentares e ansiedade e estresse antes das competições.

Segundo explica o ginecologista e obstetra Fernando Prado, esses fatores afetam a produção hormonal necessária para expelir o óvulo no período menstrual. No entanto, diferentemente da menopausa , a pessoa não fica infértil, já que ainda existe um estoque de óvulos, mas não são liberados pelo ovário por conta desse desequilíbrio hormonal.

Prado também ressalta que esse efeito é muito comum em mulheres que cria obsessões para conquistar o corpo ideal , seja para emagrecer ou por conta de dismorfia corporal. Lima explica que isso aconteceu com ela, que seguia uma rotina com pouca gordura.

Essa redução de gorduras nos pratos foi o que tornou a rotina da chef cada vez mais exaustiva. Ela se sentiu muito pressionada com seu corpo por acompanhar influenciadores fitness em seu Instagram, o que fez com que ela criasse um padrão para seguir e, assim, conquistar o “corpo perfeito”. “Porém eu não percebia que a minha realidade era completamente diferente da delas”, explica.

Prado explica que a questão por trás da tríade da mulher atleta tem muito a ver com o psicológico. “Para se ter uma ideia, muitas mulheres conseguem regular o seu ciclo apenas fazendo tratamento psicoterapêutico, sem a introdução de hormônios”, explica o ginecologista.

No entanto, é necessário se consultar com o médico e ter os exames em mão para saber se esse é o caso ou se a pessoa vai precisar de um tratamento para que aconteça a reposição. Foi o caso de Lima, que combinou o tratamento com a diminuição na rotina de exercícios físicos. Assim, seu ciclo menstrual se regularizou e a ajudou a repor  carboidratos no organismo.

Diante das pressões estéticas e da correria que mulheres sofrem no dia a dia, Prado afirma que é muito importante que o organismo fique saudável. “Isso principalmente quando se trata de reprodução feminina. Não se baseia só em exercícios ou numa dieta, mas também em qualidade de vida”, conclui.

Fonte: Delas – iG 

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