Outubro rosa: Quais os impactos do câncer de mama na fertilidade?

Nilo Frantz, médico especialista em reprodução humana, fala das alternativas para a maternidade

Uma pesquisa realizada pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), divulgou que o câncer de mama é um dos três tipos da doença de mais incidência em mulheres de 154 países dos 185 analisados. Já no Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer, em 2022, foram estimados mais de 66 mil novos casos, uma média de 43,74 casos a cada mil mulheres.

Apesar da incidência da doença ser maior em mulheres acima dos 40 anos, o câncer de mama também pode ser diagnosticado em mulheres mais jovens. Por esse motivo, é extremamente importante que sejam feitos exames preventivos e as mulheres tenham consciência da existência da doença, além de realizar o autoexame. No mês de outubro, é realizado internacionalmente desde a década de 90, o movimento Outubro Rosa, que tem como intuito levar mais informações sobre o assunto e aumentar as chances da descoberta do câncer precocemente, o que amplia em até 95% as chances de cura da doença.

“Esses tratamentos, que incluem a quimioterapia, podem causar ausência de menstruação por um período, o que oferece o risco de ocorrência da menopausa precoce em cerca de 40% a 80% dos casos. A quimioterapia acaba acarretando nessa ausência da menstruação por conta da reação do organismo aos medicamentos ministrados durante o tratamento. Vale ressaltar que se o tratamento de câncer necessita apenas de cirurgia e radioterapia, é raro que a paciente tenha a sua fertilidade afetada”, explica o especialista em reprodução humana Nilo Frantz.

Saber se o tumor é benigno ou maligno, além do estágio em que ele se encontra é de extrema importância para que possam ser pensadas possibilidades para tratamentos que possam ajudar a preservar a fertilidade.

Em casos de tratamento que necessitem de quimioterapia, é recomendado que a mulher faça o congelamento dos seus óvulos antes de iniciar o tratamento oncológico, levando em conta que o procedimento diminui a menstruação, podendo levar a uma menopausa precoce e sendo assim, a infertilidade.

“Quanto antes o diagnóstico for feito, menores serão as chances de afetar a fertilidade, pois permite que o tratamento aconteça de forma mais efetiva, resolvendo a doença em estágios iniciais. É importante ressaltar que ainda que a mulher não tenha a fertilidade afetada, há um período de dois anos que ela precisa esperar para tentar engravidar, pois é necessário ter certeza que o tumor não irá retornar”, explica Frantz.


Alternativas para a maternidade com a reprodução assistida


Existem diversos tratamentos que podem ajudar uma paciente que supera o câncer a realizar o sonho da maternidade, porém, é necessário que o especialista que está acompanhando o caso, decida com base em sua saúde, medos e desejos o caminho ideal a seguir. 

Congelamento de óvulos

No geral, o tipo de tratamento mais indicado para pacientes oncológicas é o congelamento de óvulos.  “A mulher faz a retirada de parte dos seus óvulos para serem utilizados posteriormente na fertilização e após a cura total do câncer, sendo esta uma das melhores alternativas para que a mulher consiga preservar suas chances de ser mãe. A técnica de congelamento de óvulos capta, resfria e armazena os óvulos da mulher em nitrogênio líquido”, explica Frantz. 

Quando a mulher decide optar em tentar engravidar com os óvulos congelados, para implantar o espermatozóide no óvulo é indicado a fertilização in vitro.


Fertilização in Vitro


“A Fertilização In Vitro é a principal técnica da Medicina Reprodutiva utilizada para casos de infertilidade. Nesse sentido, depois que os gametas são coletados e fecundados em laboratório, os embriões gerados são analisados e, os de melhor qualidade, transferidos para o útero da futura gestante”, explica o especialista.

Para fazer a fertilização é necessário estar atento à janela de implantação do paciente, já que o endométrio precisa estar saudável para o embrião se fixar corretamente. Alguns problemas como endometriose, pólipos, miomas, malformações do útero, podem interferir no resultado da implantação do óvulo.


Ovodoação


Outra opção que também pode colaborar em casos de infertilidade após o tratamento de câncer é a ovodoação, já que o procedimento é indicado quando há a falência ovariana precoce. “A ovodoação ou doação de óvulos acontece quando uma mulher cede seus óvulos para que outra pessoa os utilize. Ou seja, consiste na doação do gameta feminino para que outra mulher tenha possibilidade de gestar utilizando este gameta. Para que isto seja possível, a fertilização do óvulo da doadora acontece em laboratório, usando o espermatozóide do parceiro da receptora. Dessa maneira, forma-se o embrião que será gestado no útero da paciente receptora”, explica Frantz.


Para doar óvulos, é necessário ter um bom número de óvulos em sua reserva ovariana e ter no máximo 35 anos, além de realizar todos os exames exigidos e não apresentar problemas que possam prejudicar a doação.

Por iG Delas

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