Segundo dados do Instituto Kinsey, 45% dos casais entrevistados alegam fazer sexo apenas algumas vezes ao mês
Para muitos casais, especialmente os com um relacionamento longo, o esfriamento na vida sexual é um problema constante na vida a dois. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Kinsey, nos Estados Unidos, 34% dos entrevistados fazem sexo entre duas e três vezes por semana, enquanto 45% dos casais afirmaram ter relações com os seus parceiros apenas algumas vezes por mês.
Além da diminuição da frequência, a mecanização do sexo é outro problema enfrentado pelos casais. Pois, mesmo quando casal faz sexo, a relação se torna tão rotineira, que acaba por não promover tanto prazer, quanto no início do relacionamento.
Um estudo feito pela sex shop Miess, demonstra que 62,9% das mulheres brasileiras costumam forjar orgasmos durante as relações e somente 26,7% não fingem a sensação. Outra pesquisa realizada no Reino Unido demonstra resultados bem semelhantes. Os dados levantados pelo Archives of Sexual Behavior mostram que 75% das mulheres heterossexuais no Reino Unido fingem ter um orgasmo.
A sexóloga e escritora do livro “Homem micro-ondas, Mulher Fogão a Lenha”, Gabriela Dias explica que existem inúmeros fatores para que esse esfriamento na relação aconteça. Entretanto, ela destaca a falta de diálogo, especialmente sobre o sexo, como um dos grandes problemas. Pois até para o casal tentar novas maneiras de incrementar o sexo é preciso ter conversa.
“Essa questão da dificuldade do diálogo, de consegui falar o que eu sinto, o que eu penso, o que eu gosto, o que eu não gosto, isso de uma certa forma vai colaborando para um esfriamento. Porque automaticamente essa dificuldade no diálogo vai fechando algumas portas, fazendo com que parece que um não entende o outro”, diz a profissional.
Conseguir compreender o parceiro e acima de tudo ter empatia pela pessoa com quem está se relacionando é outro ponto levantado pela especialista. Segundo ela, dentro de uma relação, é de extrema importância as parte se colocarem no lugar uma da outra e respeitar as particularidades e desejos de cada um.
“Entender que mesmo eu tendo as minhas vontades, mesmo eu vivendo a minha vida, eu preciso entender o que o outro quer. É muito importante ter empatia e se colocar no lugar do outro, entender que eu tenho uma vida, mas que outra pessoa que está comigo também. Para que cada o casal se sinta à vontade para cada vez mais falar sobre o que gosta e o que não gosta”, explica Dias.
Outro problema do esfriamento do sexo é a rotina. Atrelado com a falta de autocuidado, que muitas mulheres vivenciam depois da maternidade, esses dois fatores podem afetar muito negativamente o relacionamento.
“Essa questão do sexo rotineiro é algo muito mais comum do que as pessoas podem imaginar, dentro da rotina a gente vai deixando de fazer determinadas coisas importantes, como o beijo, o abraço ou tentar surpreender a pessoa amada. Além disso, a maioria das mulheres, depois que tem filhos, tem uma dificuldade muito grande de continuar se enxergando como mulher e não somente como mãe”, argumenta a sexóloga.
“Eu sempre digo que, nesses casos, é hora da gente recalcular a rota e tentar entender o que a gente quer para nós. Como nós estamos nos vendo e aonde queremos chegar. Mas a maioria das pessoas tem muita dificuldade de até mesmo conseguir voltar a se enxergar como mulher novamente, por até mesmo demorar a buscar ajuda. Falar sobre a sua sexualidade é se expor, é falar de algo que não quer, então tudo isso acaba tornando a vida sexual do casal um grande desafio para o relacionamento”, conclui a especialista.
Por Daniela Ferreira