Segundo o geólogo Anderson Conceição Mendes, da UFPA, a chance de um fenômeno parecido na Amazônia é muito remota
Neste domingo (26), uma nuvem de poeira que “engoliu” cidades inteiras em São Paulo e Minas Gerais. Apesar das imagens impressionantes, não houve registro de mortos, feridos ou desabrigados.
O geólogo Anderson Mendes, Anderson Conceição Mendes, especialista em sedimentologia e estratigrafia, professor no Instituto de Geociências da UFPA, explica que a nuvem de poeira se formou pela união de alguns fatores: a severa estiagem que a região sudeste passa neste momento, com algumas cidades sem chuvas há mais de um mês, associada a baixa umidade e ventos fortes.
Por que cidades de SP e Minas foram cobertas de poeira?
“Quando se aproximam tempestades e fortes ventos, associados a chuvas, o vento tem a capacidade de colocar em suspensão os sedimentos (poeira fina) criando essa coluna de poeira. Esse processo, também está associado com as queimadas, o que deixa o solo mais vulnerável e ressecado não apresentando umidade para ‘prender’ os sedimentos na superfície. Apesar de impressionante em sua magnitude, não é um fenômeno duradouro. Pois está associado a formação de fortes chuvas. Uma vez chegada a chuva o fenômeno é dissipado. Porém, pode trazer alguns riscos para saúde como a inalação desse material suspenso, assim como irritação das narinas e olhos”, explica.
Segundo o geólogo, a possibilidade de ocorrência de um fenômeno semelhante na região amazônica é extremamente remota. Embora haja períodos de seca na Amazônia, a umidade do ambiente deixa o solo compactado.
“A probabilidade de ocorrer na Amazônia é muito pequena, pois apesar de algumas regiões mais secas, a elevada umidade tende a deixar o solo compactado e os sedimentos coesos, devido ao nosso regime de chuvas ser intenso”, explica o professor. “Na Amazônia, o único fenômeno que é possível de ocorrer, correlacionado a esse tema, são pequenos redemoinhos de vento que põem em suspensão os sedimentos, poeira e até algum tipo de lixo, como papel e sacolas plásticas, por exemplo. Sendo assim, a população pode ficar tranquila que, apesar de causar um impacto com as imagens, é pouquíssimo provável ocorrer na Amazônia e em Belém”.
Autor: DOL