Infertilidade feminina: fatores que contribuem para a dificuldade em engravidar

Idade da mulher, desequilíbrios hormonais que bagunçam o ciclo menstrual, problemas anatômicos no útero, tubas uterinas, ovários e endometriose. Essas são algumas das questões que frequentemente são relacionadas à infertilidade nas mulheres.

“As mulheres nascem com todos os óvulos que serão liberados ao longo de sua vida a cada menstruação. Assim, quanto mais idade a paciente tiver, mais velho é o seu óvulo, dificultando a ocorrência da gravidez de forma natural”, lembra o médico Marcos Sampaio, especialista em reprodução assistida.

Segundo ele, a diminuição dos óvulos ocorre gradualmente, a cada mês. Para se ter ideia, quando ainda feto tem de 3 milhões a 4 milhões de óvulos, ao nascer mais ou menos 1 milhão e quando da primeira menstruação, entre 250 mil a 400 mil oócitos.

A faixa etária em que a fertilidade da mulher está em seu ápice é entre os 20 e 30 anos de idade. “Apenas 3,5% dos casais cujas mulheres têm menos de 25 anos de idade são inférteis. Aos 35 anos, o percentual de infertilidade pode chegar a 20% e aos 45 anos, a incríveis 87%. Aos 50 anos, praticamente todas as mulheres alcançam a infertilidade, pois alcançam o climatério (período pré-menopausa), ou estão muito próximas de isso ocorrer”, explica Sampaio.

Não são impossíveis os casos de mulheres que engravidam em idade mais avançada de maneira natural, mas são eventos raros após os 45 anos, e a taxa de abortamentos é muito alta. Nessa faixa etária, a chance de engravidar com óvulos próprios é rara, seja naturalmente ou usando as técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV).

Causas da infertilidade feminina – Todas as causas de infertilidade têm diversos desdobramentos, logo, ter uma condição infértil não significa necessariamente que a paciente seja estéril. “O mais importante é ter um diagnóstico preciso, que direcione o tratamento sempre de forma individual e focado na resolução dos problemas identificados no casal, pois o homem também pode apresentar dificuldades. Uma das doenças que está associada à falta de ovulação na mulher é a chamada Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), em que a paciente tem ciclos irregulares, presença de vários pequenos folículos ao ultrassom e aumento da androgenização (acne forte, por exemplo). E pode haver também associação com aumento nos níveis de prolactina e alterações na tireoide”, cita o especialista.

Entre as causas tubárias, o especialista fala da obstrução que pode ocorrer nas trompas, impedindo a captação e o transporte do óvulo, de forma que não há possibilidade de ser fertilizado pelo espermatozoide. Exame como a videolaparoscopia e ultrassonografia podem indicar o problema.

“Já a endometriose, marcada pela presença de fragmentos do endométrio fora do seu lugar de origem – podendo se localizar nas tubas, ovários, bexiga, intestino e peritônio- só é associada à dificuldade de gravidez quando interfere na função das trompas, mudanças nas relações anatômicas dos órgãos pélvicos e possível formação de ambiente hostil, que diminuiria a possibilidade de desenvolvimento embrionário nas tubas. Muitas mulheres relatam cólicas menstruais muito fortes e dor durante as relações sexuais”, esclarece Marcos Sampaio.

O hábito de fumar também afeta a fertilidade feminina. O fumo pode interferir na gametogênese ou na fertilização, na implantação do óvulo concebido ou na perda após a implantação. “Dessa forma, a mulher que deseja engravidar deve tentar parar de fumar no mínimo dois meses antes de iniciarem as tentativas. Segundo alguns estudos, a fertilidade da mulher é mais afetada pelo tabagismo que a do homem, embora ele também possa enfrentar consequências negativas do fumo ao tentar ser pai”, acrescenta.

Tratamento individualizado – O recomendado para casais ou mulheres que queiram engravidar é procurar o especialista em reprodução assistida para uma primeira consulta esclarecedora sobre todas essas questões e sobre as técnicas de reprodução assistida disponíveis.

O médico especialista em medicina reprodutiva vai considerar vários fatores, como por exemplo, o histórico de tentativas de engravidar; a idade da mulher e a urgência em conceber; o histórico clínico de cada parceiro; exames de fertilidade que já podem ter sido feitos, bem como outros tratamentos para engravidar realizados.

“Nesse primeiro contato, são avaliados vários critérios como tentativas para engravidar, idade, urgência, etc. Posteriormente, é realizado o exame físico, para avaliação da saúde geral e possível detecção de sintomas manifestados por algumas doenças, apesar de a infertilidade geralmente ser assintomática, principalmente nos estágios iniciais, indicada, principalmente, pelas tentativas frustradas em engravidar”, acrescenta.

Plena Mulher

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