Mesmo com sintomas leves, é preciso examinar com mais frequência a gestação
Estudo de pesquisadores do Rio de Janeiro e de São Paulo mostra a análise de uma grávida que perdeu o bebê após contrair Covid-19. A pesquisa sugere que pacientes grávidas com Covid-19 sejam acompanhadas de perto mesmo com sintomas leves da doença.
No estudo, o caso de uma gestante internada no hospital após a constatação da morte do feto, à época com 34 semanas e 4 dias, foi analisado. O diagnóstico veio após 14 dias da confirmação de que ela havia sido infectada pelo vírus. A gestante tinha história de cirurgia bariátrica e com ligeiro sobrepeso, colocando-a no grupo de risco da doença.
Com 33 anos, a paciente teve apenas sintomas leves e com o quadro de saúde estável. Por isso, foi orientada a ficar isolada em casa, mas ao comparecer para uma consulta de pré-natal, os médicos não detectaram os batimentos cardíacos do feto.
Em uma ressonância magnética e exames complementares, as imagens mostraram que havia uma deficiência placentária importante, o que comprometeu a circulação sanguínea. De acordo com os autores do estudo, essa foi a causa da morte do bebê.
Análises feitas com amostras de tecidos da gestante, da placenta e do bebê mostraram que o problema circulatório foi causado pela severa resposta inflamatória do organismo da mãe em resposta à infecção pelo novo coronavírus. Como resultado, a placenta apresentava diversas áreas com trombos (coágulos).
Além disso, os pesquisadores encontraram sinais de inflamação no pulmão do bebê, fator que pode ter contribuído para a morte. Além dos pulmões, glândulas salivares, traqueia, fígado e rins do bebê tinham vestígios do vírus, indicando a transmissão via placenta, considerada rara por pesquisadores, mas não impossível.
Os pesquisadores afirmam que a análise revela a necessidade de monitorar a resposta inflamatória e a coagulação em gestantes de alto risco com Covid-19, mesmo que o estado de saúde seja estável, o que pode ajudar a prevenir desfechos negativos como esse.
Isso porque a gravidez já é um período em que a mulher apresenta predisposição a desenvolver doenças relacionadas à trombose. O estado inflamatório causado pela doença e sua tendência a provocar coágulos, portanto, representa um risco a mais para gestantes. O acompanhamento deve ser feito com visitas ao médico em intervalos menores com o apoio de análises clínicas e por imagem.
Por iG Delas