Especialista explica que cannabis é uma alternativa eficaz para diferentes fases da vida da mulher em prol do seu bem-estar
A TPM é uma condição compartilhada por quase todas as mulheres. Segundo o Ministério da Saúde, 80% das brasileiras sofrem com esse problema. Já é de conhecimento que atividade física regular e alimentação equilibrada colaboram para a diminuição dos sintomas mas, em casos mais severos, existe a necessidade de intervenção médica.
Por isso, a ciência sempre estudou como diminuir esse transtorno, e atualmente as pesquisas apontam uma nova aliada, a cannabis. A planta tem se mostrado uma alternativa eficaz de tratamento, e o que é melhor, com benefícios para diferentes fases da vida da mulher.
Apesa
Além disso, ao equilibrar o sistema endocanabinóide (responsável por regular processos fisiológicos), é possível trazer qualidade de vida e bem-estar para pacientes em diversos contextos patológicos. “Ainda não há provas definitivas, mas os estudos, juntamente com relatos de pacientes, sugerem que o extrato da Cannabis pode ser uma alternativa eficaz para os sintomas da TPM”, explica Fernanda Waterstradt Aio, especialista de produto da Medicina Integrativa Taimin, que estuda os efeitos da cannabis na saúde integral.
Há investigações científicas que também buscam identificar os efeitos do THC (principal ativo da cannabis) e do CBD (Canabidiol) nas alterações do humor – muito conhecido de quem sofre de TPM – com resultados que sugerem que a ingestão do extrato pode aumentar os níveis de serotonina no corpo e regular esses sentimentos.
“Os fitocanabinóides reduzem consideravelmente a manifestação de comportamentos relacionados aos transtornos de ansiedade, produzindo efeito ansiolítico. A Cannabis também é anti-inflamatória e analgésica o que auxilia nos quadros de dor de cabeça e cólica menstrual”, diz a profissional.
A Cannabis também é eficaz no período da menopausa?
Segundo Fernanda, ainda existem poucas pesquisas para entender profundamente como a Cannabis atua neste cenário. Mas os resultados iniciais apontam um caminho promissor sobre os efeitos terapêuticos na menopausa. “Nas manifestações de fogachos, insônia, dificuldade na memória, insônia e alterações emocionais”, indica a profissional.
Longe do que mostram as “lendas” e preconceitos em torno da Cannabis, é preciso saber que os efeitos colaterais da planta sobre cada indivíduo depende da dosagem, absorção, qualidade e o tipo de óleo a ser consumido. Os únicos profissionais indicados para isso são os médicos, já que prescrição e acompanhamento são essenciais para saber qual a concentração do extrato e a forma de utilização.
Legalização da Cannabis no Brasil
De forma geral, a legislação brasileira permite os tratamentos com Cannabis medicinal para pacientes com receita médica e acesso de duas formas: importação individual para uso compassivo, através de autorização de importação pela ANVISA, com validade de 2 anos ou compra direta nas farmácias, como medicamento controlado, produzidos com matéria prima (extratos) importada, envasados e/ou diluídos no Brasil.
A melhor forma para adquirir itens feitos à base da Cannabis ainda é por meio da importação, devido ao alto custo dos produtos disponíveis nas farmácias. Porém, isso aos poucos deve mudar com a entrada de novos produtos.
A demora para estabelecer uma legislação mais acessível no país, se deve ao fato da Cannabis ser uma planta incomparável, versátil e com tantas utilizações possíveis, indo muito além do uso medicinal, podendo servir a diversas indústrias, do setor têxtil á construção civil, passando pelo setor alimentício e de cosméticos, envolvendo diversos setores da sociedade, o que requer um olhar e debate muito mais amplo.
“O Brasil autorizou o uso compassivo e a produção de medicamentos, porém ainda falta legislação pertinente ao cultivo e produção dos insumos em território nacional, o que só poderá ser feito após a inserção da espécie na farmacopeia brasileira”, diz a especialista.
O preconceito contra a Cannabis
O tabu que envolve a planta é fruto de quase 80 anos de proibição, tempo este que representa menos de 1% de existência da Cannabis, já que os primeiros registros de seu uso são de 5.000 anos antes de Cristo.
“As pessoas acreditavam até pouco tempo atrás, que a proibição da Cannabis tinha como objetivo proteger a sociedade de seus malefícios, que hoje a ciência comprova ser um discurso infundado, e que o mesmo foi movido por critérios racistas e eugenistas, além de objetivos mercadológicos para privilegiar outros commodities”, explica a especialista da Taimin.
Para ela, este preconceito vem sendo quebrado pouco a pouco com o resgate do uso medicinal da Cannabis pela população, como um medicamento fitoterápico comprovadamente eficaz e um importante coadjuvante no controle de diversas enfermidades. “Esta mudança de paradigmas vem mostrando à sociedade que a Cannabis tem inúmeros benefícios e que deve prevalecer o estudo científico, a pesquisa, o controle e a educação, acima de qualquer proibição”, finaliza Fernanda.