A primeira mulher eleita cacique em Parauapebas tomou posse na manhã deste sábado, 20. Kôkôti Xikrin, de 28 anos, foi recepcionada em uma cerimônia festiva que contou com a participação de 11 aldeias do povo Xikrin, 43 aldeias Kayapó e representantes dos poderes Executivo e Legislativo do município.
A posse da primeira cacique do povo Xikrin do Cateté é uma demonstração de fortalecimento da cultura e do reconhecimento do papel da mulher na comunidade indígena.
Para Girlan Pereira, gestor do Departamento Municipal de Relações Indígenas, a Prefeitura de Parauapebas respeita e apoia os caciques e dará continuidade a esse relacionamento também com a primeira mulher cacique. “Nós entendemos e respeitamos o papel da mulher na comunidade indígena e a posse da Kôkôti como líder da aldeia Krimei é uma demonstração de força, unidade e respeito pelo protagonismo da mulher”, afirma Girlan.
Parauapebas é um dos municípios do Brasil que mais investe em políticas públicas destinadas à preservação indígena. Cerca de dois mil índios da etnia Xikrin, nação localizada no território parauapebense, recebem benefícios nas áreas de saúde, educação, produção rural, social e desenvolvimento econômico. Entre as ações permanentes, estão a melhoria de acesso às aldeias, incentivo à produção rural, cultura, saúde e educação.
Pioneira no Estado do Pará com a criação da Secretaria Municipal da Mulher (Semmu), a prefeitura também desenvolve atividades de incentivo do papel da mulher indígena no município. De acordo com a secretária municipal da Mulher, Edileide Batista, a indígena é responsável pela educação e criação dos filhos, além da manutenção e preservação da língua e, por isso, políticas públicas para fortalecer e valorizar esse papel estão sendo desenvolvidas. “Hoje, a secretaria da Mulher realiza um processo de escuta dentro da comunidade para entender as necessidades e oferecer atividades que agreguem para o crescimento dessas mulheres”, afirma a secretária.
O vice-prefeito de Parauapebas também esteve presente na cerimônia. “No governo de Parauapebas, entendemos a importância dos primeiros moradores do município e, por isso, há uma grande preocupação do governo em criar novas políticas para o desenvolvimento da nossa comunidade indígena”, ressalta.
Kôkôti Xikrin
A primeira cacique Xikrin é casada, mãe de três filhos e vem de uma linhagem de caciques. Ela foi escolhida pelo pai e pela comunidade por sempre ter demonstrado interesse em cuidar do seu povo, participando das reuniões de lideranças indígenas. “Agora, mesmo que as índias da nossa tribo não falem português, elas têm voz e têm força”, comemora a cacique.
Texto: Márcia Machado
Fotos: Elienai Araújo