A utilização dos celulares e das demais tecnologias no cotidiano é muito recorrente, já que são grandes aliados de nossas rotinas. Entretanto, algumas pessoas ultrapassam o limite e acabam se tornando dependentes desses aparelhos. É daí que vem a nomofobia, termo derivado da expressão inglesa “no mobile phone phobia” que nomeia o transtorno de dependência por esses dispositivos.
O que é nomofobia?
Segundo a psicóloga clínica Adriana Lima (CRP 08/31286), quando o uso de tais tecnologias é feito exageradamente e já não se tem mais o controle do comportamento do indivíduo em relação a elas, tal uso se torna um transtorno.
A nomofobia é uma ansiedade generalizada causada pela falta e pela não disponibilidade do uso do celular e de outros meios tecnológicos. Adriana explica que a condição é resultante de uma disfunção cognitiva ocasionada pelo uso excessivo desses meios, o qual, quando não suprido, faz o indivíduo passar por certos desequilíbrios emocionais e comportamentais.
“Dentre outros fatores, é possível dizer que a nomofobia é uma junção de sensações negativas por não estar conectado ao mundo da tecnologia, e que, em muitos casos severos, o indivíduo passa a ter a necessidade psíquica de estar cada vez mais conectado, pois isso lhe supre frustrações e vazios existenciais, podendo, em um primeiro momento, proporcionar a ele a sensação de prazer como uma fonte de alívio”, informa.
Sintomas da nomofobia
Segundo a especialista, alguns indícios que apontam para a nomofobia incluem:
- Checar as notificações do celular frequentemente, até durante a madrugada;
- Conferir várias vezes se o celular está com bateria suficiente e portar baterias extras e/ou carregadores para garantir que ele estará sempre com carga;
- Deixar de fazer atividades que gosta para ficar no celular;
- Chatear-se quando o celular é esquecido em casa;
- Não conseguir deixar o celular de lado quando está realizando atividades que não necessitam dele;
- Sentir ansiedade se ficar muito tempo sem usar o celular;
- Necessitar fazer pausas no estudo/trabalho para utilizar o celular;
- Incomodar-se quando está em um ambiente sem sinal de internet.
Ainda de acordo com a psicóloga, as pessoas que possuem esse transtorno psicológico, podem apresentar sintomas como: angústia, falta de ar, tontura, tremores, sudorese e, até mesmo, ataques de pânico.
Como tratar a nomofobia
A psicóloga frisa que o tratamento para a nomofobia, após diagnosticada, deve ser acompanhado por um profissional da saúde, como um psicólogo ou um psiquiatra, a fim de fazer a análise do quadro de cada paciente e encontrar a melhor maneira de tratá-lo. Porém, há determinadas mudanças nos hábitos que também são capazes fazer a diferença no controle do vício, como:
- Desligar o celular antes de se deitar para dormir ou desativar as notificações dos aplicativos;
- Não utilizar o celular enquanto estiver conversando com amigos/familiares presencialmente;
- Deixar o celular de lado ao realizar refeições;
- Evitar usar o celular para distração, ou seja, o ideal é procurar novas formas de entretenimento.
“É importante ressaltar que, como profissional, o vazio existencial de cada indivíduo, por si só, não deve ser suprido pelos meios tecnológicos, pois o sentido de viver não pode ser mascarado pelo fato de que, ao usar uma tecnologia, ela me proporcionará o prazer dado por outras vivências, pois o uso excessivo desses meios distancia o indivíduo de seu convívio social, da interação com o outro e consigo mesmo.”, destaca Adriana.
A nomofobia no Brasil
A consultoria Newzoo fez um levantamento que mostra que o Brasil tem, atualmente, em torno de 109 milhões de usuários de smartphones, correspondendo a mais da metade da população. O país ocupa a quinta posição no ranking global com o número de usuários dos aparelhos celulares. Além disso, uma pesquisa da Google revela que 73% dos brasileiros não saem de casa sem os seus celulares.
Os dados acima demonstram que a tecnologia já está enraizada na vida das pessoas e como um smartphone tem a capacidade de gerar tamanha dependência sobre elas, tendo em vista que muita gente não consegue se desconectar de seus aparelhos nem por um minuto.
Diante disso, a situação em que as pessoas se encontram, atualmente, contribui cada vez mais para que os quadros de nomofobia tenham a chance de se intensificar, podendo gerar até mesmo ataques de pânico, como explicitou a psicóloga. Então, é preciso ser prudente para evitar, ao máximo, que o uso dos celulares não vá além do necessário.
As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.
Escrito por Maria Eduarda Oliveira