Pesquisa também mostra que o desejo das brasileiras em empreender aumentou 18% desde o último levantamento, em 2019
Hoje (19) é dia do Empreendedorismo Feminino. A iniciativa das Nações Unidas busca incentivar mulheres para criar e comandar seus próprios negócios. A data também é parte de uma campanha contra a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. Ainda que existam avanços e motivos para comemorar, também existem desafios a serem superados, de acordo com a Pesquisa Global de Empreendedorismo Feminino 2020, encomendada pela Herbalife Nutrition.
A análise envolveu 9 mil mulheres em 15 países, incluindo 500 brasileiras, mostra que 72% delas sonham em abrir seus próprios negócios, sendo que 50% ainda não têm negócios e 22% possuem um e gostariam de abrir outro.
Entre as brasileiras, 73% sonham em se tornar empreendedoras – um aumento de 18 pontos percentuais em relação à pesquisa realizada no ano anterior, que constatou a aspiração de 55% delas em abrir um negócio próprio. Parte desse aumento pode ser devido à incerteza econômica que muitas enfrentam, especialmente durante a pandemia de Covid-19.
A pesquisa analisou os desafios que as mulheres enfrentam no local de trabalho e os objetivos delas em abrir seus próprios negócios. Em todo o mundo, a principal motivação para iniciar um negócio foi: “se tornar minha própria chefe” (61%) – percentual que foi um pouco maior no Brasil, com 63%.
Tornar-se uma referência para mulheres mais jovens foi considerado um fator motivador para 80% das entrevistadas, e 82% das brasileiras pensam assim. Mas, 62% das pesquisadas, revelam que gostariam de iniciar um negócio devido ao tratamento injusto em experiências anteriores em empresas, percentual que salta para 70% aqui no país.
Quais desafios as mulheres enfrentam no mercado de trabalho?
Para descobrir qual é o tratamento injusto, a pesquisa investigou e constatou que mulheres de todo o mundo enfrentaram desafios em ter sucesso no local de trabalho quando comparadas aos colegas do sexo masculino. Isso inclui menos oportunidades de promoção (33%) e falta de equiparação salarial (31%). No Brasil, 37% das entrevistadas afirmaram não existir uma equiparação salarial com os homens e pouco mais de 34% confirmaram ter menos oportunidades de promoção.
Os resultados também mostram que, globalmente, 43% das mulheres entrevistadas adiaram a ideia de ter filhos porque pensaram que isso afetaria negativamente sua carreira. Já no Brasil, este número sobe para 51%. Além disso, 25% das mulheres nos 15 países onde o estudo foi realizado, afirmaram ter enfrentado discriminação na gravidez, sendo que no Brasil aconteceu com mais de 18% delas.
Outro dado importante é que 42% das mulheres acreditam que foram injustamente negligenciadas por um aumento ou promoção por causa de seu sexo, algo que aconteceu, em média, em pelo menos três vezes em suas carreiras. Já no Brasil, 34% delas afirmaram ter sofrido essa situação, sendo que a maioria passou por isso duas ou três vezes.
Mas, não é só: 72% das pesquisadas e 73% das brasileiras acreditam que as mulheres precisam trabalhar mais para ter as mesmas oportunidades que os homens na força de trabalho – e dois terços (67%) estão comprometidas em ajudar a quebrar essa barreira, sendo que 79% das mulheres brasileiras concordam com isso. Uma maneira que elas encontram de romper esse desafio é com a possibilidade de empreender.
Quais barreiras elas esperam enfrentar empreendendo?
Entretanto, isso não significa que elas esperam que o empreendedorismo seja um ambiente tranquilo: 33% das mulheres que planejam empreender estão “muito preocupadas” com o fracasso de seus negócios atuais ou futuros nos próximos cinco anos. Essa também é a preocupação de mais de 35% das brasileiras.
Os três principais desafios para iniciar um negócio revelaram ser em torno de dinheiro. Ganhar dinheiro suficiente para compensar custos é algo que preocupa 51% delas no total dos países e mais de 54% das mulheres brasileiras entrevistadas. Ter orçamento suficiente para crescer é outra preocupação de 51% das entrevistadas e de mais de 47% das brasileiras, assim como financiar seus negócios – algo que preocupa 48% das mulheres entrevistadas e que foi confirmado por 36% das brasileiras.
Essa preocupação com dinheiro ecoa na pesquisa do ano passado, pois as mulheres relataram que o financiamento de seus negócios era o aspecto mais desafiador (58%) em 2019.
Benefícios de empreender
Para muitas, no entanto, os benefícios de empreender superam os contras. O principal revelado por 54% delas é o potencial crescimento da renda, índice bem próximos ao do Brasil (55%), seguido pela habilidade de ser sua própria chefe – benefício apontado por 63% das brasileiras participantes. Além de mais flexibilidade no horário de trabalho/horário para atividades pessoais (46% das brasileiras, 45% no mundo).
Situações que as entrevistadas enfrentaram pessoalmente no trabalho
Países / Brasil
- Menos oportunidades de promoção em relação aos colegas do sexo masculino 33% / 34%
- Falta de equiparação salarial 31% / 37%
- Não serem levadas a sério pelos chefes/colegas 31% / 31%
- Assédio sexual/sexismo no local de trabalho 30% / 29%
- Espera-se que seja o principal cuidador de crianças, além de trabalhar 29% / 19%
- Falta de mulheres em cargos de chefia/gerência 25% / 24%
- Discriminação na gravidez 25% / 18%
- Exclusão nos campos dominados por homens 21% / 22%
- Falta de referências femininas 20% / 16%
- Discriminação ético-racial 14% / 13%
Por iG Delas